O Amor no Tempo do Cólera

Assisti neste fim de semana ao filme Amor no Tempo do Cólera dirigido pelo inglês Mike Newell (de Quatro Casamentos e um Funeral).
O filme é recheado de atores latinos como, por exemplo, Fernanda Monte Negro. O filme narra a saga de Florentino Ariza(Javier Badem), que dedica sua vida inteira a obter o amor da inalcansável Fermina Daza( Giovanna Mezzogiorno ) . O cenário é a América Latina (Colômbia) do século XIX. Florentino, ao longo dos 50 anos de espera, muda, envelhece. Ela também muda, a civilização muda – tudo muda, menos o amor de Florentino por Fermina.

Embora o longa, tenha sido maravilhoso, acredito ser problemático a transcrição de uma obra literária para o cinema. Primeiro, por tratar-se de linguagens diferentes. Segundo, no cinema já está tudo pronto, dado. Não temos participação na composição das cenas e personagens. Nos resta apenas fazer o movimento de desconstrução.
Agora, quando lemos um livro damos asas à nossa imaginação. Atribuímos vida e cores às personagens. Idealizamos cada momento, cada som, cada respiração, cada expressão facial das personagens. Os tipos criados pelo autor tomam forma através da nossa capacidade criativa. Não somos meramente leitores. Somos os criadores, juntamente com o autor. Somos co-autores, no sentido de que, através da nossa imaginação, nos permitimos o vislumbrar de cenas, tipos humanos, vozes e situações construídas pelo autor, mas que tomam corpo a partir do entendimento que tivemos da obra literária. Por isso, a frustação.

Geralmente, a nossa imaginação é muito mais rica ou mais fiel que determinadas produções cinematográficas. Porém, vale ressaltar que cada arte, considerando suas devidas proporções, tem o seu valor. Não estou desmerecendo a sétima arte, da qual sou fã de carteirinha, mas apenas destacando o nosso poder de criação que se evidencia ao lermos um livro e o que o cinema , as vezes, não consegue traduzir tal qual imaginávamos em relação a determinada obra literária.

Todas as produções cinematográficas que assisti a partir de obras literárias que eu já tenha lido, foram um fiasco. Os diretores não conseguiram transpor para o filme toda a carga dramática das situações representadas pela obra. No caso específico do filme Amor em Tempo do Cólera, adaptação do livro de mesmo título do renomado escritor Gabriel Garcia Marques, não tenho muito o que falar, pois, ainda, não li o livro. Mas, uma coisa é certa, a história é linda. O filme exprime tudo isso com sucesso, através da excelente direção de arte. Agora, assistam ao trailer do filme: