
A memória como construção da identidade.
Nasci em um colorido setembro.
O Brasil estava no auge da sua ditadura militar (1968 a 1985). Eu era muito pequena , mas lembro da disciplina EMC ( Educação Moral Cívica e OSPB ( Organização Social e Política Brasileira) , disciplinas obrigatórias no currículo escolar. Através destas disciplinas a escola servia de instrumento de reprodução e legitimação da ideologia da ditadura militar. Inclusive estudos de sociólogos como Bourdieu, Passeron e Althusser evidenciam a escola como instrumento de reprodução da cultura dominante.
A imprensa falada e escrita através do DIP (Departamento de Imprensa e propaganda ) veiculava notícias que favoreciam o governo militar.
Lembro-me perfeitamente da canção que ouvia nas rádios e televisão , cuja estrofe faço questão de reproduzir: " 90 milhões em ação , pra frente Brasil , salve a seleção!". Através do futebol , o regime militar (1964-1985) tentava criar na população um ufanismo exacerbado. Frases como as criadas pelo governo Médici: " Brasil, ame-o ou deixe-o e "Pra frente Brasil!" assinalam um país com uma falsa sensação de "tudo bem". Desta forma, camuflavam os problemas do regime militar. Ver lista de exilados e presos políticos .
. Lembro-me que aos 19 anos, ( não mais no período da ditadura) já na faculdade, indo para casa , parava nas praças e assistia entusiasmada aos comícios do Partido Comunista e do Pt . A ditadura militar levou muita gente para o exílio como, por exemplo, o sociólogo Betinho, Chico Buarque de Holanda (fã de carteirinha), Leonel Brizola, Caetano Veloso, Gabeira e outros.Muitos em meio à caminhada dos ideais de igualdade social se perderam. Contudo, não devemos esquecer suas contribuições na derrocada do regime militar. É preciso resgatarmos a nossa história e entender que devemos respeito e admiração a todos àqueles que não se deixaram calar ou se omitir por simples covardia ou acomodação. Henry Sobel é um deles.
Durante a ditadura militar o jornalista judeu Wladimir Herzog foi preso , sendo depois encontrado morto na sua cela. Na época, foi atribuída à causa da morte do jornalista: suicídio. Só que, na cultura judaica é abominável o suicídio. As pessoas que cometem o suicídio são enterradas separadas das demais. Através de um manifesto silencioso o rabino Henry Sobel enterrou o jornalista não como suicida, pois não acreditava na tese de suicídio alegada à morte do jornalista. Assim, o líder religioso Henry Sobel, num ato histórico e de extrema coragem, abriu caminho para a democracia.
Também, o rabino Henry Sobel durante a ditadura reuniu uma boa quantidade de documentos compromento o governo militar. Documentos que resultaram na publicação do livro "Brasil: Nunca Mais.
Não é o fato de ter sido acusado de ter roubado gravatas em uma loja, que o faz o mais desprezível dos seres. É claro, que essa atitude não é, nem um pouco, louvável.Porém, não apaga toda uma história de lutas promovidas em favor dos direitos humanos.
Portanto, quem nunca pecou que atire a primeira pedra
5 comentários:
Esse texto é muito interessante! Hoje mesmo, pela manhã, precisei de fontes sobre Herbert de Souza ( Betinho ) e resolvi pesquisar para poder responder as questões do meu livro. Enquanto pesquisava, vi que ele vivia na época do regime militar e me interessei pelo o assunto. O legal foi que ele foi exilado de vários países!!! Brasil, Uruguai, Panamá, Chile, e vários outros... Vi também nomes renomados como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil... Todos viveram no regime militar... é bom praticamente reler isso aqui no blog! Mais uma vez: O blog tá virando enciclopedia virtual! assunto:Regime Militar ^^
Engraçado como o demônio tenta de todas as formas envergonhar as pessoas, porém temos uma arma que ele não conta, sabe que arma poderosa é essa? O ARREPENDIMENTO,isso derruba qualquer estratégia do maligno.
Marcênia, legal o texto, realmente, infelizmente ficamos marcados as vezes por feitos que não por um motivo ou outro considerados errados. Esse texto, me fez lembrar a atriz Winona Ryder, que fez o filme "Os Fantasmas se divertem" q em 2001, ela se envolveu-se em um enorme escândalo, quando aparentemente tentou roubar peças de roupa de uma loja de departamentos em Beverly Hills. O julgamento arrastou-se por anos e trouxe-a de volta à mídia, ainda que sob má reputação.
É facilou, o povo não perdoa, sempre marca, mas como mesmo disse temos memória curta, para o mal feito das pessoas, com toda certeza, alguns não vão nem lembrar que aconteceu com o rabino.
corrigindo vascilou!! rs...
Eita Nenzinha tá ficando veia hein? kkkkkkkkkkkkkkkkkk....Quanto ao rabino, fiquei tambem supreso pela atitude dele no entanto não devemos crucifica-lo por algo que ele tenha feito e com certeza se arrependeu..
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