
Em sua obra “O Que Faz o Brasil, Brasil?”, o antropólogo Roberto Da Matta compara a postura dos norte-americanos e a dos brasileiros em relação às leis. Também, segundo esse autor, jeitinho é uma forma de navegação social tipicamente brasileira que permite ao indivíduo a obtenção de "favores" através de um apelo relacional de laços afetivos, chantagem emocional tipo (sabe com quem está falando?) e etc. Ele diz mais, que não deve ser confundido com suborno ou corrupção.
Sou brasileira, amo meu país , mas abomino esse tipo de relação, o chamado " jeitinho brasileiro" ou "jeitinho" janponês, norte- americano, inglês entre outros. Só que, no presente momento vou deter-me, apenas, ao " bom jeitinho brasileiro". Aqui, no Brasil já faz parte da rotina , situações do tipo "querer se dar bem". O brasileiro em geral é acostumado a violar e a ver violada as próprias instituições. O autor afirma que é ingênuo creditar essa postura brasileira apenas à ausência de uma educação adequada. E concordo veemente com ele, até porque esse "jeitinho", atinge à todas as classes sociais. É claro, que esse "jeitinho" não se remete apenas ao Brasil, mas evidencia-se em qualquer relação de poder seja aqui, ou além-mar.
Ontem, pude constatar tal afirmação. Neste sentido, desejo manifestar a minha indignação com o referido "jeitinho" que, na minha opinião , é nada mais que tirar vantagem sobre outra pessoa. Assim, atentem para o meu relato: Estive no centro de compras da minha cidade, após alguns incontáveis sustos (tudo muito caro) resolvi saborear um delicioso sorvete. A fila estava imensa e não poderia ser diferente, afinal, no Brasil há fila para tudo, até para comprar um simples sorvete. Não é verdade? Mas, mesmo cansada e cheia de sacolas na mão resolvi enfrentar a fila. Passados alguns minutos, um "cidadão" se aproxima da fila e começa a conversar com uma pessoa que estava, logo, à minha frente.
Conversa vai , conversa vem e nada dele ir embora. Percebo, então, que a intenção do indivíduo era nada mais do que "furar" a fila ( o tal jeitinho brasileiro) por intermédio de seu amiguinho que estava na fila. Penso que só vai parar de existir esperto no Brasil quando parar de existir otário. É claro que, como pessoa consciente dos meus direitos e deveres, não deixei que a presente situação passasse incólume. Solicitei ao referido "cavalheiro" que procurasse o final da fila e lá, esperasse igual a todo mundo. Certamente, da próxima vez, pensará duas vezes antes de invadir o espaço do outro.
No Brasil, descobre-se que é possível um “pode-e-não-pode” ou "jeitinho", desta forma as exceções são abertas. A cordialidade ou a amizade não constituem, para mim, pretexto para que novas exceções sejam abertas e os direitos individuais do outro sejam violados. Em países como os EUA, onde vive-se a democracia, as leis são cumpridas. Muito embora, vale dizer, que existem algumas ressalvas. Mas, nada é comparável ao que se vive no Brasil, onde a impunidade se configura como nódoa indelével do tecido social brasileiro. Nos EUA, Suécia e outros não se admitem permissividade alguma, os direitos são garantidos e as leis aplicadas com todo seu vigor. Neste país a tolerância é zero em relação às atitudes que agridem os direitos individuais ou coletivos. Simplesmente pode ou não pode, não abre-se espaço para o eufemisticamente chamado jeitinho brasileiro.
7 comentários:
Já passei por uma experiência parecida com a sua, o "jeitinho" do malandro não eu certo , hheheheheeh,
saiu debaixo de vaia.
furar fila qualquer um já furou....
Na fila pra comprar lanche no colégio, na fila pra ganhar algo de graça, na fila pra entrar dentro de um ônibus de turismo, etc, etc, etc... Sem querer, a gente acaba se rendendo a esse jeitinho brasileiro... Mas, é, apesar de tudo, não é só jeitinho brasileiro, é jeitinho universal mesmo.. todo mundo tenta tirar proveito de um besta q fica vacilando por aí... Por exemplo: Os EUA, (os "rigorosos" em leis que devem ser cumpridas) viiiive bombardeando o Iraque, um país pobre, q não possui uma estratégia para se defender da grande "potencia". O própio Bush, mente em relatórios para a ONU, afirmando que a guerra só acontece por que eles descobriram que o Iraque produz bombas através de vírus. Na verdade, é por causa de money, notinhas verdes, em que os EUA gostam tanto... O que eu quero dizer é: Esse "jeitinho" não se limita para o Brasil, e sim, para todo o planeta!
E, esse país "rigoroso" e "seguidor de leis duras" é, sim, u país com a mão suja tão quanto qualquer um por aí. Apesar de tudo, pode até parecer absurdo, mas eu agradeço pelo país em que vivo! Um beijo, Mãe, adorei a postagem.!
É verdade irmã... E o pior é perceber que quem quer viver uma vida reta com Deus, quem visa e busca isso, e critica este famoso "jeitinho brasileiro", é visto e tido como radical. Agora, vê se pode, ser pessoa correta e que gosta de coisas certas, é ser radical... Mas a Bíblia mesmo sempre nos avisou que nos últimos dias seria assim. Este "jeitinho brasileiro" é o atalho para satisfazer desejos egoístas, desrespeitando a outrem... Mas vamos em frente, porque Jesus venceu o mundo, e está perto a Sua volta...
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Fique na Paz do Senhor Jesus, você e toda a sua família!!!
O que Athos falou é verdadeiro. Ainda que seja universal o altruísmo recíproco, e por meio deste mútuo companheirismo que permitiu a existência da espécie hominídea, é igualmente ao homem o inato egoísmo, lei geral de sobrevivência dos mais aptos mesmo no mundo contemporâneo.
As atrocidades cometidas pela política estadunidense, e consequentemente pelo seu povo, não é fato recente. A exemplo (dentre muitos) têm-se o xenofobismo e o racismo legalizado em sua política sulista conservadora, apresentada por resquícios empurrados tapete a baixo ainda hoje, também fruto de um processo marginalizatório do negro semelhante ao Brasil. Descriminação com latinos, e países tais, não é diferente. Se pejorativamente afirmamos "jeitinho brasileiro a nosso povo, democratizaremos os termos: Por que também não configurar o citado como "jeitinho americano"?
Osucesso da democracia norte-americana devia-se também a uma razão de fundo cultural. Os ingleses que para lá foram povoar o Novo Mundo estavam acostumados "a tomar parte nos negócios públicos". Traziam na sua bagagem um respeitável acervo de liberdades: de palavra, de imprensa, de organização, de participação em júris, etc., pois é bom lembrar que fora na Inglaterra do século XVII que dera-se a primeira revolução antiabsolutista da era moderna.
É claro, que os EUA têm ao longo da sua hitória manchas que com certeza ferem seu modelo democrático, mas temos que convir que o Brasil, está além de uma democracia que garanta ao povo o seu pleno exercício.
Direito de ir e vir , como? Se a população brasileira não tem dinheiro para poder pagar o seu transporte. Parece até piada!
Marcênia,
É impressionante o que acontece no Brasil. A lei no Brasil é altamente manipulada por interesses próprios. Um exemplo disso foi à fusão das empresas telefônicas. No Brasil não é a lei que me diz o que posso fazer e como fazer. No Brasil a lei é invertida para negócios políticos e indivíduos ricos. Esse é o jeitinho brasileiro de resolver as coisas. Se a lei diz não pode, vamos alterá-la. Isso ocorre com muita facilidade no Brasil do que em qualquer outro país.
Abraços,
Christopher Marques
www.cristomarques.blogspot.com
Chistopher falou pouco mas . disse tudo. Realmente, nada se compara ao Brasil. As leis são manipuladas conforme os interesses. Outro jeitinho é aquele que vc finge que estuda e o professor finge que dá aula.Daí ambos saem satisfeitos: o aluno não precisa se esforçar tanto e o professor também. O aluno é aprovado e o professor recebe seu salário.Enfim,encerra-se o pacto da mediocridade ou também jeitinho brasileiro.
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