Lagoa ou Pinico da Pampulha

Lembrei-me dos livros: A Classe Trabalhadora de Friderich Engels e Os Miseráveis de Victor Hugo. O primeiro retrata a Londres do século XVIII, onde a classe trabalhadora vivia os percalços da época. O segundo livro narra a péssima situação política e social francesa no período da Insurreição Democrática em 5 de junho de 1832 através da história de Jean Valjean.
Hoje, em pleno século XXI vivemos, ainda, nesta irracionalidade que tanto Engels comenta. As cidades são projetadas sem obedecer as especificidades inerentes à cada localidade.

Desta maneira, o Governo generaliza as aplicações das políticas públicas, com construções alheias à realidade, como por exemplo, a própria área da Lagoa da Pampulha/span>, ou "pinico de ouro" (alcunha atribuída à Lagoa, devido aos milhões gastos para sanar o odor fétido que emana da mesma, porém sem resultado satisfatório). Engana-se quem pensa, que a construção da área de lazer da Lagoa foi para atender, também, a comunidade humilde que vive próximo à Lagoa. Triste engodo.

A estratégia das classes , segundo Lefebre ( fui buscar no baú), estaria no sentido de reinventar a realidade. De forma que faz pensar que a urbanização se estende a todos. Na verdade, são os bairros de melhor poder aquisitivo que usufruem dessas melhorias, como saneamento, luz, àgua e esgoto. A comunidade pobre, que lá vive, foi comprimida às margens da Lagoa, sem saneamento e moradia digna. Mas, enfim, aquela comunidade carente, ainda, resiste. Heróis da resistência, que cutucam a nossa consciência.


Foto: Lagoa da Jansen vista pelo satélite.